“Fala D João”, exposição de António Hélio Cabral, está patente na Galeria Ibirapi, em Lisboa, desde 7 de setembro até 27 de outubro de 2018.
A Ibirapi Contemporânea tem o imenso prazer receber, já no mês de Setembro, a exposição Fala D João do artista multidisciplinar Brasileiro António Hélio Cabral.
Fala D João apresenta um conjunto recente de 25 litogravuras e monotipias juntamente com poemas compostos pelo artista em 1995 —exatamente 500 anos depois da morte do monarca Dom João II. Rei de Portugal de 1481 à 1495, o chamado “Príncípe Perfeito” é o principal responsável da expansão marítima de Portugal.
Os poemas de Cabral resultam de uma pesquisa de décadas: escritos num Português arcaico e à maneira de um cancioneiro renascentista, evocam episódios da vida do rei e os seus esforços para centralizar o poder da Coroa Portuguesa. Em conversas ctícias, o monarca interage com as pessoas próximas da Corte sobre a sua vida íntima e a sua autoridade.
Dez anos depois, Cabral começa uma série de pinturas a óleo de grande formato – ainda em produção -, interpretando cada episódio outrora isolado no exercício literário. As primeiras telas dessa série foram mostradas em 2016 no pavilhão da Bienal de São Paulo, por ocasião da feira internacional SP-Arte.
Partindo do mesmo processo criativo, surgem então as litogravuras e monotipias. A composição é “anti- gurativa”, citando o crítico de arte Leon Kossovitch1. A gura aparece e desaparece com o nervosismo da linha, protagonista incontornável da obra de Cabral. Recorrendo apenas à tinta de China e a pontuais notas de cor, o artista transmite o fluxo de emoções e a intensidade da vida do rei Dom João II —e, por extensão, da nossa própria vida.
Não há cidade mais evidente do que Lisboa para reunir trabalhos intimamente ligados à história e à identidade de Portugal. Coincidência ou não, o espaço da Ibirapi Contemporânea situa-se ao lado do antigo Convento da Madre de Deus, hoje Museu Nacional do Azulejo, mandado construido pela viúva de Dom João II, a rainha Dona Leonor, protetora das letras e das artes.
Não há ano mais evidente do que 2018 para inaugurar a mesma exposição, ano em que foi apresentada na Universidade de São Paulo a tese do jovem historiador de arte Josias Padilha, sobre a “complexidade extraordinária” da linha na obra do Cabral2. Foi, também este ano, publicado nas edições Ateliê Editorial o catálogo das gravuras Fala D João, com prefácio de José da Silva Ribeiro3. Por m, 2018 é o ano do 70° aniversário de Cabral, cuja carreira e fantástica produção artística são uma referência para a história da arte contemporânea Brasileira.
Maxime Porto, Julho 2018
Informações úteis:
Horário:
De quarta a sexta das 13h às 19h, Sábado das 10h as 19h
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Autocarro: 718, 728, 782, 793;
Comboios: linha Azambuja, estação Braço de Prata ou Marvila
Estacionamento:
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Morada:
Calçada do Duque de Lafões 74, porta 2, 1950-102, Beato, Lisboa