Drama, exagero, cores que roçam a realidade e ao mesmo tempo deixam uma frustração ilógica. Não imaginemos cores fortes a afogar a tela, neste caso são os modelos que quase a agarram com unhas e dentes. O artista consegue dividir o espectador entre a degradação e a beleza humana.
Duarte Vitória pinta o ser humano que, neste caso, é como dizer que dá vida às telas com as tintas de óleo. Com um estilo muito próprio que de certa forma até faz lembrar algumas pinturas de Paula Rego, principalmente no desenho dos pés e mãos, o artista usa variações das cores da realidade para pintar toda uma expressão dramática dos seus modelos. O foco é o corpo, a expressão humana e a carne que depois de pintada se assemelha ao barro enquanto está a ser esculpido.
“A figura feminina é o mais belo, é a maior graciosidade. No meu trabalho extremamente expressivo e por vezes rude, tento através da rudeza dar a beleza à figura feminina” – Duarte Vitória
Considera-se expressionista e na sua técnica podemos identificar pinceladas largas mas detalhadas, especificas, que iluminam cada detalhe da anatomia humana, as sombras são exageradas, contrastantes para adicionar o toque extra dramático e no fim, somos deixados com um turbilhão de emoções e tormentos que congelam os movimentos, que captam pânico de quem está olhar para nós através da parede. O artista consegue fazer-nos sentir violentados, faz realçar a expressão corporal, os movimentos, como se estivéssemos a assistir a um crime (ou uma dança) em câmara lenta. Feio e bonito em batalha por um lugar, caótico e perturbador, mas acima de tudo curioso, demasiado curioso e belo.
“O vermelho nas obras representa o sangue a correr nas veias, a essência da vida que quero trazer para o meu trabalho.” – Duarte Vitória
O objetivo do artista é conseguir realçar e notar a tragédia humana e a decadência do corpo humano com o passar do tempo, o seu conceito é o de fazer com que o público se ligue às emoções mais viscerais da condição humana. Isto é conseguido através do choque que é passado, simplesmente, pela manipulação da pintura que representa a carne humana, Duarte Vitória quer acordar o público do seu estado de consciência dormente e questionar a sua própria humanidade.
Biografia:

Duarte Vitória, 1973, vive e trabalha no Porto. Formado em desenho, pintura e belas artes pela Escola Superior Artística do Porto.
Os seus trabalhos têm sido expostos pela Europa, América e Canadá, sendo possível encontrar as suas obras tanto em coleções públicas como privadas.
Em 2004 ganhou o terceiro lugar no 1º Encontro Artístico em Celorico de Basto, e em 2005 ganhou o 1º prémio de Artes Plásticas – Henrique da Silva em Paredes.
Links e fontes: