Diamantes, Obelisco e outros de Ângela Ferreira está em exposição na Galeria João Esteves de Oliveira, em Lisboa, desde 4 de maio até 15 de junho de 2018.
Para melhor situarmos os magníficos desenhos com que Ângela Ferreira trata o tema dos diamantes na Áfricado Sul e o do obelisco egípcio do séc XIII a.c., hoje na Concorde, em Paris, transcrevemos excertos de textos de uma mostra na Marlborough, que teve lugar durante a exposição dos diamantes em Londres, e de um outro, este da própria Ângela Ferreira, a respeito dessa maravilha egípcia e, sobretudo, dos gigantescos problemas postos pelo seu transporte:
“Como é habitual, Angela Ferreira toma um local como ponto de partida para os seus projetos. Neste caso, a mina do diamante de Cullinan, na África do Sul, torna-se a fonte dos mitos. Descoberto em 1905, foi até 1985 o maior diamante alguma vez registrado. A pedra passa por uma série de viagens documentadas, pois é dividida em sete grandes diamantes (os dois maiores acabaram na coleção real britânica) e 96 de menores dimensões.
Por outro lado, a própria mina tem uma forte carga simbólica: emblemáticas da estrutura do apartheid, que ajudaram a sustentar, ainda hoje estão no cerne dos problemas de construção da nação Sul Africana.
E, para Ferreira, a mina também é uma estrutura formal. Como artista, através do desenho e da escultura, interessa-se pela forma do enorme buraco na paisagem.”
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“Uma visita recente a Paris permitiu uma inspeção rigorosa do obelisco como uma forma escultural única. A descoberta dos diagramas explicando a maquinaria complexa que foi usada para o abaixar, transportar e reerguer, destacou-se como uma espécie de propaganda pública do acto de remoção desse extraordinário tesouro egípcio.
A história do mundo ocidental é abundante nesse tipo de episódios dos espólios da guerra, que já não se constituem mais como matéria chocante. O que foi surpreendente foi a confiança inerente no simbolismo do acto, e a auto-glorificação descarada mostrada através da reprodução da técnica e metodologia da remoção de tão preciosos monumentos.
Uma espécie de manual de instruções para a remoção desta porção única da herança egípcia. Os desenhos gravados em ouro no pedestal serviram como ponto de partida para a escultura.”
Informações úteis:
Galeria João Esteves de Oliveira
Entrada Livre
Horário:
Segunda das 15h às 19h
Terça a Sábado das 11h às 19h (Sábado encerra das 13h30 às 15h)
Morada:
Rua Ivens, 38, 1200-224 Lisboa
Transportes:
Metro de Lisboa: estação Baixa-Chiado