Artes cénicas, música, arte digital e artes plásticas, João Fino é um artista multifunções que encontrou na pintura o culminar de todo o seu percurso artístico.
Vindo do mundo do espetáculo para aterrar na pintura, João Fino traz consigo o vício e carinho pelo dramatismo das expressões humanas, o significado e fintar de um olhar, Fino procura nas suas obras não só registar mas também transmitir as emoções e sentimentos. Também do teatro transpõe a experiência com o regular da luz e cor, em tudo relacionado com a pintura, em que cada pincelada tem por trás uma pesquisa, significado e rumo específicos.
“Instinto primeiro, sempre, depois a razão a aprimorar essa base.”
Também o seu percurso com a música se encontra presente na pintura “As cores são notas, as pinceladas ritmam a imagem, dão-lhe uma base para ter voz. No futuro possivelmente o figurativo vai-se diluir, ao não ser que pretenda abordar essa linha de forma muito objectiva.”
“Trabalho muito rápido nos primeiros gestos, depois a meio do percurso, deixo espaço para reflectir, ver o que quero mudar, a meio afasto-me, sento-me, viro as telas à parede, começo outras, pego-lhes uma semana depois, com novo olhar. Se estiver bem o olhar não acusa. Tenho o canto da porta do estúdio com marcas de tinta porque é aí que me encosto a ver. Gosto também de trabalhar algumas telas ao mesmo tempo, para deixar respirar o trabalho. O meu maior aprendizado nesta fase foi saber parar. Ainda crio por excesso por vezes, do caos à ordem mas aprendi a subtrair, a deixar actuar. Coisas do palco também.”
O artista não tem pressas no seu trabalho, uma tela pode demorar alguns dias como pode demorar meses, como em tudo na vida, também a pintura por vezes precisa do seu tempo para amadurecer, para demolhar no sentimento. Para além das suas artes plásticas, e para as suas artes plásticas, João Fino dedica uma parte do seu tempo à investigação do tema e de ideias, explora o trabalho de outros artistas, fotografa pedaços de inspiração que encontra pelo seu dia-a-dia e quando se sente momentaneamente satisfeito com este processo, volta para as telas, para os azulejos, madeira, seja onde for que a inspiração o levar.
“Gosto de esboçar ideias, se estou a trabalhar em comissões gosto de as mostrar aos meus clientes, de conversar com eles se possível, de conhecer a pessoa que vai receber um trabalho em casa. Gosto muito de ter temas, gosto de marginar as minhas ideias para depois poder fluir dentro dessas margens. Gosto de levar o esboço até onde sinto que basta. Muitas vezes basta muito pouco. Até porque a tela continua a ser rainha, é nela que se dita o percurso desse esboço, que evolui sempre, se perde e se encontra, o temperamento do óleo é quem comanda a dança.”
João Fino montou base agora em Amsterdão onde continua a pintar e a representar todo o seu percurso e experiência nas artes através das cores que enchem as suas telas, por vezes abstractas, outras com um nível de detalhe que só a lupa consegue puxar, a pintura de João Fino está então a viajar pelo mundo, a infetar de Portugal os amantes de arte além fronteiras.
Fontes do artigo:
Citações: Revista YVI
Imagens: Facebook do artista
Descobri a pintura de Fino no FB, por acaso, e não mais deixei de o seguir. A genialidade da sua força, nos movimentos fortes ou mais subtis, a luminosidade e as cores, a imaginação e a densidade dos pormenores, fazem dele e da sua obra, algo que o distingue nesta contemporaneidade por vezes tão “estranha” no mundo da arte.Foi com grande tristeza que nos seus últimos dias no Porto, não pude visita-lo no seu estúdio, devido à sua antecipação na sua partida para Amesterdam. Espero um dia vê-lo e à sua obra(ao vivo). Estou certa que João Fino fará parte dos “eleitos” a que só alguns ascendam.
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