Trabalha sobre a imaginação como se de plasticina se tratasse nas mãos de uma criança, Nuno Horta transforma os seus modelos fotográficos em personagens das suas histórias incompletas.
Nuno Horta, nascido em Mirandela em 1977 com uma criatividade de invejar. Explora a fotografia artística com um detalhe de preparação e edição admiráveis, o artista explora o conceito de universos paralelos por forma a poder libertar a sua imaginação, por mais disparatada, agressiva, desnecessária que possa parecer.
“Imaginemos uma realidade com duas dimensões paralelas e coexistentes. Uma dessas dimensões seria simplesmente aquela em que vivemos, onde existimos como nós próprios. A segunda, uma realidade alternativa na qual todos teríamos um outro eu, uma projeção num mundo sem condicionantes de qualquer ordem, uma existência quase cinematográfica num imaginário assumidamente obscuro.”
Nos seus trabalhos, encontramos os modelos por norma mascarados, de alguma forma modificados, para deixar de se aplicarem à realidade em que operavam, a realidade em que desaparece no que passa o ser o fundo para uma outra dimensão artística (da imaginação do artista); máscaras, correntes, ligaduras, acessórios descontextualizados e seus afins são agregados aos ambientes teatrais criados pelo artista, onde poucas pistas nos guiam para a história e alma de cada personagem.
“Num exercício de descoberta desse eu tenebroso, estabelece-se então uma manifestação visual de um certo apelo oculto que se aloja nos mais inacessíveis lugares da mente humana.” (Sobre projeto Extreme Ways)
Como refere Sérgio Currais nos textos sobre o artista, o imaginário surge no espirito de universos paralelos e quão diferentes poderiamos ser quando misturados/confrontados com outras realidades, ou quando tentamos captar uma outra alma mais profunda que existe em nós.
Mas não são só os modelos que sofrem estas alterações, todo o ambiente da fotografia necessita de uma preparação, tratamento de fundo e principalmente de luz. Como exemplo, mais especificamente no projeto White Wedding, onde a preparação da iluminação foi essencial para o objetivo do artista.
Sobre este tema, podemos ouvir o artista neste video.
O processo pós-sessão fotografica também se mostra como impressionante só por si, a edição das imagens feita pelo artista faz com que o trabalho final tenho um tom surreal que realmente nos transporta para outros universos.
Quem seriamos nós se fossemos algo completamente diferente, que seriamos nós se a nossa identidade fosse coberta e remexida. Quando nos é retirado o contexto, os limites e a perceção, é esta a alma que o artista capta, colocando os seus modelos em universos de realidades paralelas.
“Num exercício de descoberta desse eu tenebroso, estabelece-se então uma manifestação visual de um certo apelo oculto que se aloja nos mais inacessíveis lugares da mente humana. Esta ficção artística é tão sombria quanto fulgente. A atmosfera é terrorífica, mas enigmaticamente sedutora. Onde se estabelece a fronteira?”
Nuno Horta vive e trabalha no Porto, é Diretor Criativo da Nhdesign, estudou Artes Visuais, na escola Soares dos Reis, no Porto e Design na ESAD, em Matosinhos.
ANIMALIA
Nuno Horta regressa, em Animalia, aos seus estranhos personagens mascarados, aglutinadores do belo e do perturbador, em fotografias que se tornam inevitáveis ímanes visuais para um olhar impossível de ficar indiferente. (Sérgio Currais, Out 2015)
WHITE WEDDING
A dança entre vida e morte satirizada pela lente.
A série White Wedding é mais uma imersão neste universo desconcertante, porém com um belo sempre presente e onde a ironia e o humor marcam também o seu espaço.
O festivo retratado com ligaduras. Sorrisos de rostos não revelados. A união de dois seres estranhos, inexistentes. Cruzes e armas, karaokes de defuntos, uma criança de plástico, brindes e um cutelo. A dança entre vida e morte satirizada pela lente.
Galeria Nuno Sacramento, 2014


MAF, GENETIC VARIATIONS
MAF Genetic Variations é o resultado da combinação da fotografia de Nuno Horta com as peças escultóricas de Albano Martins. Da mesma forma que o título desta série se inspira na genética (MAF, do inglês Minor Allele Frequency, sendo allele a variante de um gene, “alelo”, em português), essa combinação resulta em variantes no feminino de uma beleza em dicotomia, exposta e escondida. Imagens de corpos nus de mulher, de faces alternativas em cabeças mascaradas.
O corpo não é veículo nem suporte, torna-se ele próprio parte da obra. (Sérgio Currais, 2014)
MASK
Atrás da máscara há uma pessoa que se oculta e exibe uma identidade alternativa.
A magia é a dúvida da transmutação da realidade, o desconhecido que se revela amplamente mais sedutor. Nuno Horta aborda em “Mask” este universo misterioso. (Espaco 110, Porto, 2012/Teatro Municipal da Guarda, 2012)
Exposições individuais
2015 “Animalia”, MCO Arte Contemporânea, Porto.
2014 “MAF, Genetic Variations”, Plano B, Curadoria Sala 117, Porto.
2014 “White Wedding”, Nuno Sacramento Arte Contemporânea, Ílhavo.
2013 “Mask”, Viriato & Viriato, Águeda.
2012 “Mask”, Palácio das Artes, Porto.
2012 “Mask”, Teatro Municipal da Guarda.
2012 “Oporto Landscapes”, El Corte Inglês, V. N. Gaia.
2012 “Mask”, Espaço 110, Porto.
2009 “Extreme Ways”, Centro de Artes e Espectáculos, Guimarães.
2004 “Dígitos”, Cirurgias Urbanas, Porto.
2003 “X-Rays”, Galeria-bar Labirintho, Porto.
Exposições Coletivas
2015 “Coletiva de Verão”, Nuno Sacramento Arte Contemporânea, Ílhavo.
2014 “Vinho & Fado”, Curadoria Nuno Sacramento Arte Contemporânea, Museu do Vinho da Bairrada, Anadia.
2013 “Bakalhau”, Curadoria Nuno Sacramento Arte Contemporânea, C.C. Ílhavo.
Publicações
2014 “Vinho & Fado”, catálogo de Arte.
2013 “Blur Magazine”, revista de Fotogra a Internacional, no 32.
2013. “Bakalhau”, catálogo de Arte.
2013 “arte.es”, revista internacional de Arte, no53.
Fontes do artigo: