São figuras femininas envoltas em mistério e glamour. As personagens de Duma chegam-nos num deslizar delicado e confiante entregues ao nosso julgamento.
Influenciada pelo design gráfico e minimalismo, Duma Arantes prefere gerar questões em vez de respostas, e entrega-nos assim as suas senhoras, em posições elegantes como se trazidas por uma lufada de ar quente de verão e deixadas nas nossas mãos, de olhos fechados, entregues ao nosso julgamento.
“Sempre me senti muito atraída por representar a figura humana, particularmente o retrato. No entanto, o tipo de retrato que quero mostrar não é o de alguém em particular, não quero dar uma identidade específica, quero somente representar uma ideia de feminilidade.” Duma
Já o seu glamour é agressivo, os cabelos com penteados elaborados mostram extrema dedicação, as golas detalhadas que decoram os troncos e pescoços permitem-nos espreitar um pouco da personalidade que faz crescer a curiosidade sobre a personagem, o pouco contexto que nos é dado traz um sentimento peculiar, como se existisse uma história a espera de ser contada por cada uma das figuras a que Duma dá vida, mas esse contexto é nos cortado demasiado cedo, e a curiosidade aumenta, mas desta vez com frustração.
Após explorarmos algumas imagens começamos a compreender a profundidade do talento de Duma, do pouco que nos dá, dos close ups destas figuras, dos poucos detalhes, do fundo quase sempre neutro, a verdade (e ironia) é que com “pouco” já se conta uma história, seja ela qual for, a artista dá-nos o suficiente para criarmos uma vida para lá do que conseguimos ver a olho nu.
“Em cada enquadramento existe um universo ilimitado de acções, pensamentos e emoções, cada personagem mostra-nos apenas uma pequena parte da sua personalidade, é como um frame congelado de um filme ou um rápido momento captado por uma câmera fotográfica.” Duma
Em termos de técnica, é usada a pintura num tom vectorial, a precisão das linhas e o exagero da transição das sombras dão um tom digital às suas obras mas a textura do papel e da tela deixam-se sempre passar. Uma outra particularidade das obras de Duma é o contraste de cores vivas que tomam conta das personagens, de toda a tela e que não só ajudam a contar a história de cada uma, como dão um toque especial no glamour feminino da artista.
Duma Arantes é natural de Lisboa onde também vive e trabalha. Formada academicamente pelo IADE e de seguida pela Sociedade Nacional de Belas Artes, expõe a solo e em grupo desde, sensivelmente, 1998, contando com mais de uma centena de exposições, tanto em território nacional como internacional.
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