Desenhos de Jorge Pinheiro está em exposição na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, desde 23 de setembro até 4 novembro de 2017.
As primeiras pinturas de Jorge Pinheiro – contemporâneas dos estudos em Pintura que concluiu em 1963, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde estudavam também os arquitetos que viriam a integrar a chamada “Escola do Porto” – caracterizavam-se por uma figuração de pendor realista e um imaginário fértil em alusões ao panorama sociocultural de Portugal à época. Em composições fechadas e através de uma paleta restrita, as figuras e os espaços dessas obras iniciais refletem os silêncios e abandonos de um país subjugado pela ditadura.
Em 1966, e graças a uma bolsa da Fundação Gulbenkian, Jorge Pinheiro realiza uma viagem pela Europa que se viria a revelar fundamental para a inflexão do seu trabalho no sentido da abstração geométrica. Influenciado pelas pesquisas da Abstraccion-Création, pelas propostas da arte concreta, da shaped canvas e, particularmente, pelo pensamento estruturalista, Pinheiro expandiu o seu vocabulário formal e privilegiou, na pintura, no desenho e na escultura, a mecânica das chamadas “formas da expressão”, entendidas como os constituintes basilares da perceção visual.
No início da década de 1970, à presença de modulações geométricas e padrões de alto contraste cromático junta-se uma muito aturada exploração das noções de ritmo e de serialidade, cuja formalização evidencia o interesse do artista pelas áreas da música e do número, em particular pelo dodecafonismo de Schönberg e a série de Fibonacci.
Na viragem para os anos 1980, recuperando o espírito de comentário social, político e cultural das suas primeiras obras, desta feita complementado pelas mais diversas citações da história da pintura, Jorge Pinheiro volta a abraçar plenamente a figuração em telas cujo cunho pós-moderno antecipa e radicaliza alguns dos desenvolvimentos internacionais da década. A segunda década do presente século marca o regresso de Pinheiro à abstração da música e do número.
Texto retirado da página de Serralves.
Curadoria de João Miguel Fernando Jorge
Informações úteis:
Horário:
De Quarta a Sábado, das 15h às 20h
Fechado aos feriados
Morada:
Edifício de Espanha (Bairro do Rego), Rua Soeiro Pereira Gomes, Lote 1- 6º A e D, 1600-196 Lisboa
Transportes:
Metro de Lisboa – estação Sete Rios ou Entrecampos.