Nuno Lobito no Museu do Oriente

Laços – Mais do Que Viajar, uma retrospetiva de Nuno Lobito está em exposição desde 20 de julho até 22 de outubro de 2017, no Museu do Oriente, em Lisboa.

Laços – Mais do Que Viajar é uma exposição retrospectiva do repórter fotográfico Nuno Lobito, com uma selecção de 83 fotografias e um documentário sobre as suas viagens aos mais de 200 países do mundo, com particular enfoque nos países asiáticos. Cada imagem tem uma história, uma memória. Ao impacto técnico, artístico e documental das imagens, acresce a força das emoções que viveu e partilhou, e que dá corpo às pessoas que conheceu.

A objectiva de Nuno Lobito procura os contrastes da alma, os paradoxos de um planeta de extremos, desvendando um mundo que é tão sofisticado como brutalmente selvagem. Em cada novo horizonte imperou sempre a convicção de oferecer um testemunho genuíno, um trabalho consciente de cidadania, que visa trazer a cada um de nós um outro olhar sobre o que nos rodeia.
As fotografias apresentadas simbolizam a riqueza humana e a expressão de cada cultura.

Foi há muitos anos que me fiz à estrada pela primeira vez! Com pouca bagagem, muitos sonhos e uma imensa vontade de explorar outras paragens, de viver outras vidas. Sentia que este nosso rectângulo era demasiado pequeno e ambicionava mais do que uma sociedade excessivamente formatada, percursora de estilos de vida que desafiavam o meu ideal de liberdade e de partilha. Fará sentido seguirmos todos na mesma direcção? Acordar todos os dias vazios de espírito, tentando compensar as frustrações da rotina com um sem número de coisas desnecessárias? Quando tomei a louca decisão de seguir os meus sonhos, não imaginava como esse passo iria determinar o rumo da minha história.
Hoje, olho para trás e mal acredito nos quilómetros que percorri, nos rostos com que me cruzei, nos muitos locais que visitei. Pela minha objectiva muitos viram, pela primeira vez, famílias semelhantes às suas, tão distantes e tão perto nos sentimentos e nas sensações. O meu registo deu voz a pessoas que a sociedade rejeita, ignora e prefere esquecer. A minha câmara, sempre em busca dos contrastes da alma, dos paradoxos deste planeta de extremos, desvenda um mundo tão sofisticado e tão brutalmente selvagem. E em cada novo horizonte imperou sempre a convicção de oferecer um testemunho genuíno, um trabalho consciente de cidadania, que visa trazer a cada um de vós um outro olhar sobre o que nos rodeia.
Esta exposição resume parte desse trabalho. Uma selecção de fotografias que para mim, são mais do que belas imagens: simbolizam a riqueza humana e a expressão de cada cultura. O mundo é feito de pessoas e são as suas vidas e emoções que incessantemente procurei captar. Por isso, cada fotografia encerra uma história. Há sorrisos que não se esquecem, há cenários que nos ficam cravados na alma. Criam-se laços que perduram para além do espaço e torna-se inevitável trazer comigo um pouco daqueles com que me cruzei. Tantos lugares e momentos que as palavras não podem descrever, os olhos, as rugas, os traços, que sobressaem, os gestos que nos ensinam a crueza da vida…
Tudo isso me define como fotógrafo, tudo isso me permitiu chegar até aqui, orgulhar-me de ser o primeiro português a conhecer 204 países e de assumir este desafio de anunciar que o nosso mundo é mais do que uma imagem desfocada. Contudo, se é verdade que este meu modo de vida singular tem sido assaz enriquecedor, não será menos verdade que é também bastante solitário. Acredito que quando viajamos sozinhos estamos mais abertos aos outros, por um lado, e por outro aprendemos a conhecer-nos melhor. Por isso, opto quase sempre por viajar sozinho.
Foi assim que esta vivência errante contribuiu também para a minha reconciliação espiritual e para alcançar alguma paz interior. Numa das minhas passagens pela Ásia tive oportunidade de descobrir a cultura budista e, após seis meses a viver num mosteiro, percebi que seria esta filosofia o fio-de-prumo na minha vida. Mais tarde, tive o feliz ensejo de conhecer sua santidade o Dalai Lama, momento que me marcou profundamente e me redefiniu como pessoa, como um ser mais sólido e consciente do mundo que o rodeia. Aprendi a viver desligado das coisas materiais e a saborear cada momento. Não espero da vida mais do que ela me pode oferecer e acredito que, com esforço e perseverança, os sonhos estão ao nosso alcance.
Um dia quis ver o mundo pelos meus olhos e é essa visão que hoje deixo a todos aqueles que procuram enriquecimento cultural e espiritual, incentivando-os a ir mais longe, a acreditar que é possível. Atrevi-me a sonhar, corri o risco de viver e fiz-me à estrada, numa tentativa de esboçar com íntimo rigor os traços de uma humanidade desvanecida.

Somos aquilo em que acreditamos. Eu acreditei que era possível!

OM SHANTY OM

Nuno Lobito

 


Informações úteis: museu-do-oriente

Fundação Museu do Oriente

Nuno Lobito

 

Entrada: 

0-5 anos: Gratuito

6-12 anos: € 2,00

Adultos: € 6,00

Mais de 65 anos: € 3,50

Estudantes: € 2,50

Família (dois adultos com três menores de 18 anos): € 14,00

 

Sexta-feira das 18.00 às 22.00 – Entrada gratuita

 

Horários:

Terça-feira a domingo das 10h00 às 18h00

Sexta-feira das 10h00 às 22h00 (entrada gratuita das 18h00 às 22h00)

Encerrado à Segunda-feira, 1 de Janeiro e 25 de Dezembro

 

Morada:

Avenida Brasília, Doca de Alcântara (Norte), 1350-352 Lisboa

 

Transportes:

Autocarros 12 – 28 – 714 – 738 – 742

Eléctricos 15E – 18E

Comboios

Linha de Cascais (Estação de Alcântara) *

Linha da Azambuja (Alcântara-Terra)

* Na estação de Alcântara existe uma passagem subterrânea para peões com saída junto ao Museu.

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