A exposição Rotornariz de Von Calhau, está patente na Galeria Pedro Alfacinha, em Lisboa, desde 17 de dezembro a 18 de fevereiro de 2017.
Rinoplasticismos à parte, o nariz cresce. Cresce tanto que devora o espaço por completo e acaba por se entrar no único buraco que encontra, a sua própria narina. Grande curva! O nariz não pára de crescer e o buraco é forçado a alargar-se, pois claro!!
E isto é sem princípio nem origem, dado que, quando a via positiva atinge a falsa neutralidade passa automaticamente para a via negativa sem passar pela casa da partida. A origem é um mito para atrasados! grita o residente de copo na mão às duas da manhã no bar da ressurreição. E avança: Cresce nariz cresce, que o espaço é teu!! E assim o nariz faz-se corpo absoluto a ocupar o espaço consigo só e ocupando-se só de si mesmo. Inspiração e expiração misturam-se. Incrementação e excrementação aliam-se.
O nariz cresce. Cresce tanto para dentro de si até mais não ser visível à superfície. Intensifica-se a queimar recursos até ser só curso de matéria. Carburador desenfreado a rebolar em torno de si, a esfumaçar dias e a adiar fumaça. Mas à superfície sublima-se sempre qualquer coisinha. Sempre qualquer coisinha a barulhar. Se não salta aos olhos é porque assalta aos molhos, seja lá o que for. Sempre qualquer coisinha a baralhar. E de ninho o que é pequenino faz-se grande e depois é sempre a replicar mutações de mutações.
Desperdícios de desperdícios que justi cam tudo e mais alguma coisa. Uma farsa para gritar em falso quão farsola o mundo é e lançar os dentes contra tudo aquilo que se penteia e serpenteia todos os dias. Se tivesse dentes, ao menos… mas perdeu a boca quando decidiu ser só. Como já ninguém manda no corpo, isto é só fantasmas a espirrar caminhos únicos em forma de múltiplos caminhos. Todos os dias fardados de dias inteiros a enfardar efeitos de cena à maneira do estrilho especial do m do mundo que nunca acontece. E o nariz sempre a mandar dicas certas de incerteza convicta. Só crescimento. Ou decrescimento, só. Vai dar ao mesmo, tipo Paradoxo de Pinóquio em versão de economato.
von Calhau!
Nascido em 2006 no Porto. É o trabalho desenvolvido em bicomun- hão prática por Marta Ângela e João Artur. Tem sido apresentado na europa e arredores nas formas reconhecíveis de música, texto, artes visuais, entre outras, em festivais como Netmage, Les Urbaines, Kraak e em locais como Culturgest, Gulbenkian, Palais de Tokyo, Cafe Oto, entre outros. Edições incluem: NN (ed. Serralves, 2011); O Rato Retórico Ritualiza Rôto o Rutilo (ed. Culturgest, 2015) e Ú (ed. Kraak, 2016), entre outras.
Informações úteis:
Horário:
De quarta a sábado, das 15h às 19h
Morada:
Rua de São Mamede 25c 1100-533, Lisboa