O Estado da Arte visitou o Título Descritivo, de Andrea Brandão, na galeria de arte do Teatro Joaquim Benite, em Almada. Encontramos uma sala escura e três projetores que gritam edição e desorganização como palavras de ordem da artista.
Ao entrar na galeria do teatro encontramos uma pequena sala com os projetores no centro. Andrea Brandão escolheu desorganizar o arquivo de cartazes da Companhia de Teatro de Almada.
Parece que não foi por acaso que nasceu o projeto, a ideia vem descrita na folha de sala que explica a relação de proximidade de Andrea com as peças onde expõe. O incentivo vem da família que participou em peças encenadas por Joaquim Benite, que dá nome ao teatro em Almada.
Esta é uma pequena galeria quase escondida, a instalação ocupa apenas uma sala com algumas cadeiras. Nos projetores passam imagens de cartazes de peças realizadas pela Companhia de Teatro de Almada, no fundo permanece como imagem estática uma foto que demonstra a intimidade da artista para com a peça, uma foto antiga das suas familiares.
Estão várias cadeiras pela sala para o público e uma cadeira destacada ao lado dos projetores para quem quiser manipular a peça. Então, um dos projetores tem a fotografia estática, um outro roda automaticamente as imagens dos cartazes, e um terceiro projetor está instalado para que os visitantes editem, como a própria artista refere, a peça, tento total controlo de um dos projetores.
O Título Descritivo, de Andrea Brandão é um trabalho de investigação ligado à vida pessoal da artista “em memória pessoal num corpo coletivo” e pode ser visitada até dia 30 de dezembro de 2016.
A natureza da minha proposta de trabalho é baseada na revisitação do arquivo de cartazes da Companhia de Teatro de Almada. Esta apresentação é como um primeiro acto onde a fisionomia do seu rosto se torna visível. Um arquivo organizado em memória pessoal num corpo coletivo.
Andrea Brandão (1976, Vila Nova de Gaia) cresceu em Faro, na região sul de Portugal, a partir dos quatro anos de idade, até vir estudar para Lisboa (1995). No ano de 2010 acaba por conhecer Andreia Páscoa (1978, Lisboa) e, nos anos seguintes, os seus dois irmãos, Patrícia (1985) e Pedro (1990). No presente ano de 2016 ficou a saber que sua mãe e tia, respetivamente Conceição (Sónia) Páscoa e Ana Páscoa, participaram como intérpretes em Avida do grande D. Quixote de La Mancha e do gordo Sancho Pança (1972), encenada por Joaquim Benite no Campolide Atlético Clube em Lisboa. Esta foi a segunda das 155 peças levadas a cena até hoje (15 Out 2016) pela Companhia de Teatro de Almada, nome pelo qual é conhecida atualmente.
Frequenta o programa de doutoramento em Estudos Artísticos da FCSH-Universidade Nova de Lisboa desde 2015. É artista plástica e desenvolve o seu trabalho na área do desenho, performance, instalação e intervenções artísticas. As suas obras exploram o conceito de “processo” e procuram testar os limites de definição e realização da obra de arte. Tem vindo a desenvolver e a colaborar em projetos na área de coreografia, nomeadamente no projecto de Márcia Lança, Evidências suficientes para a não coerência do mundo (2014). Participou em festivais, exposições coletivas e individuais em Portugal, Estónia, Viena e São Paulo, assim como em programas de residência na FAAP- Fundação Armando Azevedo Penteado, São Paulo (2014). Das mais recentes exposições assumem especial relevo a individual Momento I (2014) no Espaço Arte e Tranquilidade em Lisboa, com curadoria de Maria do Mar Fazenda. Presentemente está patente a exposição colectiva (Co)-habitar nas novas instalações da Casa América Latina e da UCLLA em Lisboa com curadoria de Filomena Serra, Giulia Lamoni e MArgarida Brito Alves. De momento vive e trabalha em Lisboa.
“Título Descritivo”, 2016, projeções (video, diapositivo), duração variável, instalação.
Aqui ficam algumas imagens da exposição:
Mais sobre a artista:
Centro de Investigação Artística