Uma exposição pretende lançar o olhar do dia-a-dia, nos passeios que pisamos, as janelas por onde olhamos, o arbusto que temos de desviar para chegar ao portão.
André Cepeda é mais um dos artistas que vê no banal uma oportunidade de reflexão, ou pelo menos de lançar um flash num sentido mais profundo e um pouco cómico até. Pequenas situações que se tornam cegas ao olhar e passar diário são reencarnadas na objetiva de Cepeda, ou seja, os detalhes demasiado banais e até “sujos” que não paramos para ver durante o dia, paramos para ver aqui, na exposição do MNAC.
É um parafuso no chão deixado pelas obras que acabaram à vários meses, uma persiana ferrugenta, as sombras que se fazem como cair do sol, o portão do quintal. Cepeda reage às circunstancias espaciais para dar vida à presença residual dos humanos. Fotografa o mundo petrificado e sem movimento.
Como nos diz o curador Sergio Mah – Pretende resgatar a existência de uma ética da observação e do pensamento sobre os lugares de todos os abandonos e esquecimentos.
No MNAC podemos ver paisagens banais penduradas, marcas e pormenores da passagem do homem por este planeta. O Homem que ergue muros, constroi escadas, espreita pela janela, desvia-se das pedras e dos lixos. O Homem deixa marcas que até mesmo ele deixa de ver, mas que não deixam de existir.
Assim, aqui ficam as imagens da minha visita ao Depois, de André Cepeda, no MNAC:
Informações úteis: